sou forte feito cobra coral
Bom dia, pessoal,
Quem estudou comigo no colégio sabe que eu adorava reclamar da Educação Física, de ter que ir pra quadra, de ter que trocar de roupa, de ter que jogar, de tudo. Mas não é que eu não gostasse (eu adorava, principalmente quando era dia de pique-bandeira), eu só não podia transparecer pra não fugir ao personagem de Criança-nerdola-que-não-gosta-de-esportes. Por não ser “a minha coisa”, eu me permitia ser ruim e por isso me divertia um monte (falei disso já nessa cartinha).
Lembro das vezes que eu passava de carro pela beira-mar com meus pais e só conseguia pensar “Nossa, quem que acorda cedo pra vir correr?? É muita falta do que fazer”. Achava um absurdo. Também achava a maior bobagem quando falavam “Fazer exercício vicia, o corpo sente falta quando você não faz". Achava que era só uma lorota pra convencer as pessoas a entrar nessa seita fitness. Até que, como quem me acompanha mais recentemente sabe, eu virei uma dessas pessoas. E é sobre isso que eu vou falar hoje.
Apesar da inaptidão pra atividades físicas, não fui uma criança ou adolescente sedentária. Ao longo da vida já passei por piscinas, tatames, barras (de balé, (ainda) não da fixa), tapetinhos de yoga, rodas de capoeira (fiz um mês mas não fechou turma), quadras e provavelmente outras coisas que nem lembro mais. Mas nenhuma delas era, digamos assim, parte da minha personalidade.
Na segunda metade de 2019, não lembro muito bem o porquê, decidi que ia começar a correr. Comecei a seguir o cronograma do C25K na esteira do meu prédio e trocar dicas e motivação com a minha amiga Maria. Nessa fase inicial, ouvi o episódio "Chapadinhas de endorfina" do Bom dia, Obvious, que, dentre outras questões, falou sobre vermos atividade física como algo distante de nós, como se pra malhar ou fazer outro exercício fosse necessário cumprir uma check-list de características de Rato de Academia™. A conclusão do episódio, e que eu constatei ao longo das corridas, é que fazer atividade física pode sim ser muito gostoso.
Fevereiro de 2020 decidi “tá, não adianta só correr, tenho que ficar forte também” e fui pra academia. Nunca tinha ido antes, achava que ia odiar, afinal, é um ambiente meio assustador. Achei razoável. Me matriculei e comecei a ir direitinho. Mas, como vocês sabem, veio a pandemia e tudo parou.
Passado os primeiros dias, voltei a me mover em casa, jogando Just Dance com meu irmão. No final de abril o CGP Grey lançou esse vídeo falando de como cuidar de si na pandemia e ressalta a importância das atividades físicas. Isso me motivou também. Claro que tiveram dias (e as vezes semanas) em que eu fiquei parada, mas, a partir daí, incorporei o fazer atividade física como traço de personalidade, constantemente postava sobre e coagia incentivava meus amigos a fazerem algo também.
Eu fazia os os calendários da Yoga with Adrienne mas as vezes acabava largando de mão ao longo do mês. O que fez eu virar alguém que faz atividade física regularmentreve real oficial, foi um desafio da Carol Borba, em outubro de 2020, de 100 Abdominais por dia. Em vídeos de cinco minutos gravados num showroom, ela nos guiava para fazer o exercício (50 do normal, 50 de um tipo diferente em cada vídeo). Vou voltar pra esse exemplo no final da cartinha, quando entrar nas dicas.
Em 2021 eu voltei a correr pra valer (“pra valer” na frequência, não na distância nem na velocidade) e finalmente entendi as pessoas que falavam que viciava. Eu ia correr de manhã e a tarde já queria ir de novo. Tava um calor infernal na hora do almoço e eu só pensava “nossa, tomara que esfrie logo para eu poder ir correr tranquila” (o calor não passava, visto que eu estava morando no Rio de Janeiro, mas eu ia correr assim mesmo). Era bom demais. A empolgação as vezes passa, daí volta, daí passa de novo. Não sei como funciona esse processo, mas, nas fases que eu estou realmente gostando de correr, a vida é boa demais.
Agora em abril, quando as aulas voltaram presencial, entrei em todos os grupos de esporte da atlética do meu curso e, quando o horário encaixa, vou nos treinos. Continuo péssima no futebol e no basquete (vôlei e handebol nem tento), mas me divirto muito, principalmente correndo pela quadra atrás da bola.
Vou fazer uma seção com dicas práticas, mas, antes disso, queria colocar um conselho quase coach: não importa se era uma criança nerdola ou se foi uma criança atlética e depois parou, você pode ser uma pessoa que faz atividade física se quiser.
Dicas práticas
Qualquer coisa é melhor que nada
Não entre na noia do tudo ou nada, “se não for pra malhar 5 vezes na semana eu nem entro na academia” etc. O que importa é fazer algo. Pode ser uma volta na quadra, ou pegar as escadas em vez do elevador, ou seguir um video de cinco minutos de exercício no youtube, ou fazer uns dez polichinelos aleatoriamente (
faço isso quando estou embriagada), ou se matricular em uma aula semanal, Começar pequeno para construir o hábito (e, se continuar pequeno depois, também não tem problema).Ponha na rotina
As fases de mais assiduidade da minha vida fitness foram os momentos que eu fazia atividade assim que acordava, antes da aula online de 8h20. Em Floripa ainda, ia correr na esteira do prédio ou fazia yoga. No Rio, fazia funcional e natação na praia. Com minhas aula presenciais de manhã, esse esquema não está mais tão viável, então me matriculei na academia que fica no caminho e vou malhar direto depois da faculdade. O horário pode variar, mas acho muito bom ter algo meio fixo para poder ir no piloto automático. Como disse o Dr. Áuzio “Nunca acordei com vontade de correr mas vou mesmo assim”
Faça o que você gosta (ou menos desgosta)
Existem muitas atividades físicas no mundo. Danças, lutas, esportes coletivos e umas coisas que nem categoria definida tem. Eu, por exemplo, jamais aguentaria uma aula de spinning, apesar de preferir cardio à treinar força (em oposição ao Bonde da Stronda, que fiz que “aeróbica é o c******, viva a nossa academia".). Eventualmente você vai achar algo que goste (e, ao longo do caminho, pode ir explorando o que tiver de aula experimental na sua cidade).
Claro que, se você quer algum resultado específico, tem atividades mais recomendadas que outras (eu fiz natação porque é bom pra crescer e malho porque quero ficar forte), mas, não é obrigatório. O negócio é se mexer.
Se distraia
Idealmente, a atividade física é um momento pra se desconectar, esquecer dos problemas e focar no que está fazendo. Mas tem vezes que não tem como. A saída daí é botar uma música animada, um podcast que se goste (minhas corridas começaram ao som de Revolushow), fofocar na academia (empiricamente comprovado: quadruplica o tempo que eu aguento fazer prancha), colocar algo na TV enquanto se faz abdominal no tapete da sala etc. Se não conseguimos gostar do exercício em si, podemos tentar fazer em paralelo com algo que gostamos (talvez por isso eu odiasse a natação quando era menor: o único escapismo era contar ladrilhos)
Chame os amigos
Seja só para motivar e lembrar por mensagem, seja para de fato fazer o exercício com você (atividade física é um esquema de pirâmide, por isso estou aqui convocando vocês!!). No ápice da pandemia, fazia yoga e os treinos de força com meus amigos no Discord (uma época fizemos até uma planilha para marcar quem fazia mais), depois, corri muitas vezes com muita gente (antes puxava eles, agora sou eu a arrastada). Lembrar que as “pessoas normais" também correm, também malham, também fazem (insira aqui alguma atividade diferenciada). Não precisa ser um super-atleta maromba & condicionado pra fazer exercício.
Cartinha hoje foi mais prática e pragmática, mas é o que temos para hoje,
Se cuidem!
Um abraço,
Laura
p.s. sinta-se convidadíssimos para responder esse email falando sobre o que vocês fazem (ou gostariam de fazer) de atividade e como vocês fazem pra se manter motivados (ou pelo menos se manter indo), adoro saber!