vivendo e (não) aprendendo a jogar
Bom dia, pessoal,
A cartinha da semana é dedicada especialmente para aqueles que se consideram da categoria “eu era uma criança acima da média e agora sou um adulto medíocre" (embora acho que, estatisticamente falando, não é possível que tivessem tantas crianças acima da média assim).
A vida toda eu fui relativamente boa nas aulas. Era preguiçosa demais para tirar nota 10, mas pegava os conceitos rápido e não costumava ter dúvidas ou dificuldades. Meio que acabei internalizando que não preciso nem posso estudar. Como a Laura-do-passado aprendia as coisas de primeira, qualquer esforço a mais representaria um emburrecimento da Laura-do-presente. Na minha cabeça, eu era boa e qualquer possível erro era ou por falta de atenção (simplesmente não consigo conferir minhas próprias contas) ou porque não quis (“não estudei mas se tivesse teria ido bem”).
Mas uma matéria escapava da lista de “coisas que eu precisava ser boa”: educação física. Afinal, eu era “a criança esperta”, não “a criança esportiva”. Seria uma quebra no personagem se eu fosse boa na educação física. Podia ser ruim sem culpa nenhuma. Quase sempre era a última a ser escolhida e, nas aulas de vôlei, deixavam eu sacar quase da metade da quadra. Eterna “café com leite”.
Sei que para alguns ser ruim em esportes era motivo de chateações ou brigas, mas, para mim, era libertador. Do fundamental ao ensino médio, o que eu gostava na aula de educação física era reclamar, empatado talvez com o pique-bandeira. Fazia tudo que era proposto (uma vez ia matar aula pra ficar jogando Pokemon com meu amigo Pedro, mas fiquei com peso na consciência e acabei indo), mas reclamava constantemente. Justamente porque educação física não podia ser “a minha coisa”, tinha que ser algo distante, algo que eu fazia apenas porque tinha que fazer. Se eu começasse a levar a sério demais, ia precisar ser boa também.
Da segunda metade do ano passado em diante, aconteceu uma mudança: virei a pessoa que gosta de fazer exercício físico. Demorei para me dar conta, mas acho que essa questão de ser algo que eu não sentia que precisava ser boa foi crucial. É muito mais fácil tentar quando você não tem a menor pretensão que as coisas deem certo.
Conseguir se dedicar a algo até ficar bom nisso é incrível, queria conseguir mais. Mas a moral desta cartinha é: achem algo que vocês gostem mesmo sendo ruins. Por aqui, além das atividades físicas, eu também gosto de cantar desafinadamente, tocar ukelele com a batida fora do ritmo e rabiscar no papel.
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A única indicação dessa cartinha vai ser o filme “Meu Amigo Totoro”, que vi quarta-feira e é simplesmente muito fofo e gostosinho.
Aparentemente a internet colapsou e por isso vai ficar difícil compilar links legais para vocês. Mas fica o convite para conversarmos por aqui enquanto isso!
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Beijão e até semana que vem,
Laura