gente certa é gente aberta
Bom dia, pessoal!
Depois de mandar cartinha por duas semanas seguidas, achei que fosse conseguir retomar o plano original de fazê-las semanais (mais especificamente, dominicais). Mas a vida vem passado rápido demais e acabei não conseguindo para com calma para escrever (nem pra fazer nenhuma das tantas outras coisas que gostaria de ter feito). Mas, voltando às origens, cá estou eu na escrivaninha domingo a noite deixando os afazeres de lado para sobrar um tempinho pra essa atividade tão importante pra mim que é a escrita e as cartinhas.
Sexta passada conheci pessoalmente uma das tantas amizades que fiz pela internet durante a pandemia. Enquanto esperava ela chegar no centro (beijo, Lara!), fiquei conversando por lá com minha amiga Luísa, que comentou admirada sobre essa minha facilidade de criar amizades e de ir atrás das pessoas que eu quero conhecer.
Na semana anterior, depois de um evento gostoso com alguns amigos de origens diversas, me dei conta novamente de algo que já tinha percebido: a maioria dos meus amigos entraram na minha vida pra valer porque eu os coloquei lá. Em 2014/15 eu mandei mensagens falando “oi, você parece muito legal, vamos ser amigos?” e atualmente são dois dos meus amigos mais próximos (beijo, Bea e João!). Já mandei mensagem pra alguém que tinha visto duas únicas vezes falando “você é a única pessoa que eu conheço nessa cidade que também está de férias, vamos dar rolê, por favor” e surgiu uma das maiores companhias daquele verão (beijo, Joana!)
Eu tenho ciência dessa minha habilidade de fazer e manter amizades, até o Joaquín, meu antigo professor de espanhol já disse: "A Laura é que nem o Roberto Carlos, tem um milhão de amigos". Porém, não me dou conta do quão incrível isso é. Já falei em outra cartinha que, crescendo na família em que cresci, pra mim o afeto sempre circulou abundante (com tamanha fluidez que é praticamente impossível represá-lo), de forma que pra mim esse é apenas o caminho natural. Sentir afeto, demonstrar afeto. Essa conversa com a Luísa que me fez ver o quanto isso (infelizmente) é algo atípico, e que eu deveria me dar mais crédito por essa habilidade-superpoder.
Mas essa cartinha não é só pra falar “olha como eu sou foda, eu puxo assunto com as pessoas” e sim pra falar do outro lado, afinal, uma pessoa sozinha não constrói relação alguma. Minha amiga Laura dedica seu livro “a todos que sorriram de volta para mim”, e acho que isso resume bem.
Claro, muitas vezes eu precisei ser caruda e ir atrás pra começar o contato. Mas, se esse contato inicial progrediu pra uma amizade, foi porque as outras pessoas se dispuseram a isso também. Foi porque engrenaram o assunto, porque fizeram mais perguntas, porque aceitaram meus convites, porque não estranharam a aproximação (ou até estranharam mas resolveram dar uma chance assim mesmo).
Era o primeiro semestre de 2019, na época que eu ainda fazia direito mas tinha migrado pra turma da noite, um ambiente beirando ao hostil. Pedi um carregador emprestado mas o que ele tinha não era do mesmo tipo do meu. Podia ter acabado por aí, mas ele me mostrou empolgado que seu carregado era igual dos dois lados. Se ele não tivesse aproveitado a abertura pra mostrar, através de um USB-C (até então, inédito para mim), como ele também se fascina com as pequenas coisas, com certeza não estaríamos almoçando juntos toda semana (beijo, Lucas!).
Em contrapartida, tem vezes que a gente não agrada. E tá tudo certo. Na minha adolescência eu já fiz parte de grupos de amigos cheios de gente que não gostava de mim. Tentava ser diferente, tentava fazer parte, tentava entender onde eu tinha errado, tentava ser considerada legal. Mas não adiantava nada. O problema não era algo específico que tinha feito, o problema era ser do jeito que eu era. Não tinha o que fazer. Não fazia sentido me esforçar pra mudar o que não é defeito, então só desisti e fui passar mais tempo com os amigos que gostavam de mim de verdade.
Olhando retroativamente parece lógico e simples, mas na prática tenho essa questão de querer ser gostada por todo mundo até hoje. Lembro uma vez que, em um dia particularmente difícil , tinha dado rolê com pessoas que nunca vou rever e tinha sido meio chata. Na época, comentei com quem tinha me levado “putz, eu tava meio mala hoje, pede desculpa pras outras pessoas e explica o que aconteceu, que eu não sou assim normalmente”, e ele, numa sinceridade brutal, respondeu “Laura, que diferença vai fazer na tua vida?”. Aprendendo, aos poucos e às vezes na marra, que tá tudo bem se algumas pessoas não gostarem de mim. Não tem como agradar todo mundo sem se deixar de lado.
Bem, a síntese da cartinha é: não tenham medo de falar com as pessoas que vocês querem se aproximar. Na melhor (e mais provável!!!) das hipóteses, vocês conversam mais. Na pior, ela te acha chato, daí você desencana e segue a vida (afinal, não tem porque se esforçar pra ser amigo de alguém que não gostou de uma pessoa tão legal quanto você, né?).
Gente, essa semana novamente não vai ter indicações porque quero enviar logo a cartinha mas também quero ir dormir logo, então resolvi enviar direto, sem curadoria de links e também sem a revisão prévia, sempre feita por algum dos meus amigos.
Na verdade, vai só essa versão que eu amo da música que deu o título da cartinha.
Bom início de semana,
Se cuidem,
Abraços,
Laura
p.s. eu falei que queria fazer uma cartinha sobre eleições/política etc, mas não sei se vai dar tempo antes do primeiro turno. então, só pra não perder a oportunidade: galera de SC, segue aqui meu voto pra deputada estadual