é sobre não calar o peito
Bom dia, pessoal,
O tema dessa semana é atendendo a pedidos de uma leitora (que no caso é uma das minhas melhores amigas, mas chamar de “uma leitora” faz com que eu me sinta uma colunista importante). Enquanto contava as últimas atualizações da minha vida, ela comentou que admirava minha capacidade de ser sincera com meus sentimentos e disse pra eu mandar posts sobre isso. Resolvi ir um passo além e eu mesma fazer o “post” sobre isso.
Nasci e cresci em um ambiente (ou melhor, diversos ambientes) em que o afeto nunca se escondeu. Nos abraçamos muito (“grande upa”, substantivo masculino, termo criado pelo meu pai (acho) para descrever ou puxar um abraço que envolva mais de duas pessoas (que, no caso, seria apenas um “upa” convencional)), escrevemos coisas bonitas uns para os outros e falamos “eu te amo” com uma frequência absurda.
Dou essa contextualização antes porque tenho quase certeza que, se sou uma pessoa que sente e demonstra carinho com tanta fluidez e quantidade, é porque sempre o recebi dessa forma. Os Beatles cantavam que “the love you take is equal to the love you make” e acho que é bem isso. Quanto mais amor a gente recebe, mais fácil é passar ele adiante.
Algumas pessoas colocam o sentimento “amor” em um pedestal, com “eu te amo”s reservados para natais, aniversários e ocasiões muito significativas. Aqui, sigo a definição de “amor” do Wikicionário: “sentimento de gostar muito de outra pessoa ou coisa, de forma a querer e fazer o bem para essa pessoa, ser vivente ou mesmo coisa”. É uma definição abrangente, e, de fato, amo muitas pessoas.
Uma vez, em 2016, me empolguei e saí mandando mensagem no facebook para vários amigos dizendo que amava eles. Para alguns, era a primeira vez que eu falava aquilo. Para outros, já tinha dito mas havia tempo. Nos dois grupos, a resposta mais comum foi alguma variação de “por que?”, como se algo precisasse anteceder essa declaração. O mundo costuma ser tão inóspito e hostil que muitas vezes o amor nos causa estranhamento.
Não nego que muitas vezes eu mesma entro nessa lógica. Ano passado, fiz uma corrente no twitter que era tipo “curte aqui e eu te elogio” e mandei o link para os amigos curtirem porque queria poder elogiar eles sem ser "do nada". Também muitas vezes penso “hmm, será que não tô me passando?”, e não digo nem em termos românticos, onde essas preocupações são mais usuais. Já fiquei com receio de estar escrevendo além da conta em texto de feliz aniversário para amigo. Não é como se alguém fosse ficar incomodado por estar sendo elogiado demais ou algo assim.
Agora, vamos voltar para o intuito inicial dessa cartinha: incentivar a Leitora a acolher seus sentimentos e não ter medo de demonstrá-los. Pois então, lendo hoje a página da wikipedia sobre Judô (a quem possa interessar, fiz quase até a faixa laranja), descobri que um dos seus pilares é “Quem teme perder, já está vencido.”. *****, de uma fã de banhos de mar para outra, te digo para mergulhar de peito aberto, sem medo da água estar gelada demais ou das ondas te derrubarem. Você já sabe o que tá sentindo. Deixar de mostrar esses sentimentos é deixar de mostrar você, eu acho. Como fala no livro que te mandei ontem, "o único jeito de te violentar menos [...] é aceitar que as tuas vísceras são de vidro, que o teu sistema de amar é falível, que os teus sonhos se desregulam, e na entrega está o germe da nossa resistência."
Arte de tatt
Indicações da Semana
Esse texto curtinho da minha amiga Érica sobre filas, e, principalmente, sobre a responsabilidade da pessoa que faz a curva da fila. Li em 2017 e vira e mexe me recordo do texto, então pedi pra ela postar para eu poder compartilhar o link com vocês porque é muito bom mesmo (obrigada amiga por atender meu pedido)
Esse texto de dia dos namorados que é o mais lindo de todos (e não digo isso só porque sou fruto de um dos amores mencionados, eu juro)
Esse vídeo sobre caminhar todo dia que me deixou bem inspirada. Sou fã desse canal porque ele fala de produtividade&organização&estudos de um jeito bem positivo e compassivo, indo no sentido oposto daqueles blogueiros "trabalhe enquanto eles se divertem trabalhem enquanto eles dormem"
Casando com isso, a playlist da semana é a "música para ouvir andando"
Esse vídeo curitinho sobre higiene digital que talvez soe meio "velho contra tecnologias" mas traz bons pontos (inclusive me motivou a fazer detox de redes sociais essa semana, vamos ver se rola mesmo)
Esse vídeo do Hozier cantando Toxic da Britney Spears.
O álbum acústico da Céu que lançou sexta (obrigada Tainá por me mandar!)
O site PFF para todos que mostra onde comprar PFF2 em cada estado. Não sabe o que é PFF2 ou qual a sua importância? Corre para esse instagram agora
Os atos Fora Bolsonaro que vão acontecer nesse sábado. Não achei uma lista definitiva por cidades, mas nesse perfil tem várias. Em Floripa vai ser às 9h na Praça Tancredo Neves (aquela perto do tribunal e da ALESC).
Se cuidem!
Com carinho,
Laura.
p.s. tô num ponto em que eu quero divulgar mais a newsletter, porque é algo que eu de fato me dedico e tô gostando muito do resultado, mas não quero divulgar demais entre meus conhecidos pra não deixar isso podar minha escrita ("ah x pessoa vai ler então melhor não falar de tal coisa"). então, se você é fã das cartinhas, fica o incentivo pra compartilhar com alguém que eu não conheça. é muito gostoso olhar a lista de inscritos aumentando aos pouquinhos, tipo é literalmente outra pessoa que parou e pensou "hmmm eu acho que eu quero ler semanalmente o que essa mulher escreve". obrigada por me proporcionarem isso, sério.