simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente
Bom dia, pessoal,
Antes de tudo, venho oficializar o que já vem acontecendo: as cartinhas de domingo à noite talvez acabem virando cartinhas de segunda. Acho que é porque agora eu tô de férias da faculdade e a distinção domingo/segunda, antes tão gritante, é quase nula. Meados de junho, quando as aulas voltarem e a segunda-feira voltar a pesar, acho que voltamos pro domingo.
Estava enrolando para escrever porque não conseguia pensar em um tema, então comecei a pensar na minha semana para achar acontecimentos que poderiam servir de ponto de partida (literalmente o mesmo processo que antecede as minhas sessões de terapia é o que antecede a escrita das cartinhas). Pensei em duas coisas: correr e dirigir.
Talvez os leitores de longa data lembrem que já teve uma cartinha em que eu falei de dirigir. É algo cíclico: passo meses sem dirigir >> dirijo um pouco morrendo de medo >> ganho confiança >> dirijo bastante naquele período de tempo >> por alguma razão, paro de dirigir. Quase três anos nessa lenga-lenga. Nos últimos dois dias que dirigi me senti muito muito confiante e tranquila, ousaria até a dizer que superei esse ciclo e agora me considero uma pessoa que dirige real oficial, mas não tem nenhuma garantia que eu não vá parar com tudo de novo.
Já a corrida também é algo que vai e volta (eu falo isso no sentido do progresso não ser constante, mas nas duas atividades encaixa também no sentido de literalmente fazer trajetos com ida e volta). Desde 2017, acho, venho me aventurando na esteira. Peguei um cronograma na internet que vai intercalando caminhada e corrida de forma progressiva, até você de fato conseguir correr bastante tempo sem precisar da caminhada no meio. Fiz as duas primeiras semanas umas seis vezes, até que, nos últimos meses, consegui fazer pra valer e agora consigo correr vinte minutos seguidos (parando só para olhar para os dois lados antes de atravessar a rua.
Depois de pensar nessas duas coisas e ver como são processos, me ocorreu um pensamento inédito: um ponto em comum (talvez o único) entre os dois cursos que escolhi seja que, cada um a sua maneira, ambos lidam com processos. Abri o currículo de Direito (que larguei na metade da terceira fase) e busquei por "Processo", aparece 44 vezes. No de Engenharia Química, que curso atualmente, a palavra aparece 32 vezes.
De acordo com a nossa grande amiga Wikipedia,
"Processo (do latim procedere) é um termo que indica a ação de avançar, ir para frente (pro+cedere) e é um conjunto sequencial e particular de ações com objetivo comum. Pode ter os mais variados propósitos: criar, inventar, projetar, transformar, produzir, controlar, manter e usar produtos ou sistemas.".
Algo que me chamou a atenção é o verbo manter na lista de propósitos possíveis de um processo, porque não é uma associação que eu faça naturalmente. Penso em processos como mudança sempre, e esqueço do grande conjunto sequencial e particular de ações necessário simplesmente para nos manter. Mudar exige esforço, mas permanecer também exige.
Voltando para os exemplos práticos, o progresso nos dois objetivos, como demonstrei, não é nada linear. Tem dias que eu penso "nossa, corri/dirigi pra $@#%*&@ hoje" e outros que eu penso "socorro, eu acho que nunca mais vou conseguir correr/dirigir na minha vida". Mas, em ambos os casos, vou apreciando o trajeto. Algumas vezes falta fôlego e tenho que desacelerar o passo, não nego, fico um pouco frustrada comigo mesmo, mas, em contrapartida, consigo apreciar melhor as ruas em que passo, reparar nas casas bonitas e nas plantas coloridas.
Além dessa apreciação do trajeto literal, tem também a apreciação do trajeto como processo/progresso. Tem gente que é mais introspectiva nesse aspecto, faz as coisas na surdina e você só fica sabendo que ela corre quando, sei lá, a pessoa posta que completou sua primeira maratona. Eu não consigo ser assim. Quer dizer, talvez até consiga, mas nunca vi porque tentar. Gosto de dividir as coisas, de compartilhar cada passo (seja ele para frente ou para trás) com meus amigos.
Independente de que tipo você seja, valorize seus processos. Os de mudança e também os de manutenção. Esse fim ficou meio frase motivacional demais, mas às vezes é isso que a gente precisa mesmo.
Bordado de Laura Berbert
Na última semana, vi dois filmes: o vencedor do Oscar de Melhor Filme, Nomadland. Não sou boa com resenha então vou copiar o que meu amigo cinéfilo Nathan escreveu sobre: “ser pobre é foda! *cena bonita do horizonte*”. O outro filme foi Judas e o Messias Negro, sobre a vida do revolucionário Fred Hampton, vice-presidente do Partido dos Panteras Negras assassinado aos 21 anos pela polícia. Filmaço foda (no sentido de bom e no sentido de pesado).
Esse vídeo do Kurzgesagt (é em inglês mas tem legendas em português) sobre o consumo de carne. Em menos de nove minutos de vídeo ele conseguiu mostrar vários pontos importantes sobre o tema, sem entrar em moralismos (quem se interessar pelo tema e quiser dicas é só mandar um alô, vegetarianismo tá na (extensa) lista de assuntos que eu conseguiria falar sobre por horas).
No último mês abandonei completamente a yoga, mas em junho pretendo voltar. Tentando arrastar mais gente comigo, compartilho com vocês o calendário do Yoga With Adrienne (é o que eu tento seguir, em inglês) e o da Pri Leite (brasileiro). Os dois indicam um vídeo delas para você fazer por dia, gosto bastante quando consigo seguir certinho, mas normalmente vou pulando alguns dias até que no meio do mês desanda tudo.
Analisando meu spotify, reparei que o tema mais recorrente nas minhas playlists é romance (são quatro!). A mais antiga delas é a pra irritar o Artur, só com as mais classiconas sobre amor (meu irmão Artur disse certa vez que não gostava de música de amor, o que originou a playlist, mas depois ele voltou atrás e disse que até gostava, mas acha que tem músicas demais sobre o tema)
Emendando o tema romance, nos últimos dias eu li o livro “Pessoas Normais” da irlandesa Sally Rooney e adorei. Eu li mais da metade do livro em um único dia, fazia tempo que não era tão fisgada assim (claro que o fato de estar sem o carregador de celular naquele dia colaborou, mas deixa baixo). Agora tô numa ressaca literária braba.
Se cuidem!
Com carinho,
Laura