quem tem um amigo, tem tudo
Bom dia pessoal,
Vamos pular o parágrafo justificando o porquê da cartinha semanal ter ficado dois meses sem vir e ir direto pra cartinha em si.
Uma coisa que me afligia muito quando eu era mais nova, era a sensação de que eu me importava mais com as pessoas do que elas comigo. Não que eu não achasse que meus amigos gostassem de mim, mas ficava constantemente com aquela sensação de "ah, a gente só faz coisa/conversa por que eu vou atrás.". Acho que essa sensação (que não era nada além de noia, eu sei) se dava porque eu lembro muito das pessoas, tipo "ah se vou no lugar x que eu sei que é perto de onde fulaninho mora, tenho que chamar ele", o que no geral é ótimo, porque consigo reunir um grupo diferente de pessoas toda vez, mas tinha o efeito negativo que era, internamente, cobrar a mesma coisa dos outros. Demorou alguns anos (e muitas sessões de terapia) para me dar conta que o fato da minha cabeça não parar quieta não significava que eu me importava mais com meus amigos do que eles comigo.
Durante a maior parte da pandemia, eu sinto que consegui dar conta bem da situação. Comi direitinho, fiz atividade física e, por mais estranho que possa parecer, mantive relações sociais como nunca antes. Comecei a interagir com muita gente nova, me reaproximei de amigos de escola e fortaleci amizades que já eram próximas. Estou constantemente tentando incentivar as pessoas a se cuidarem, seja lembrando de beber água e comer fruta, seja convidando para fazer exercício ou estudar junto. O que meus amigos não desconfiam é que, para além da preocupação genuína com o bem-estar deles, faço isso para ter eu mesma a motivação de fazer isso tudo. Cada amigo que vem me contar orgulhoso “Laura, hoje eu treinei/li/fiz tal coisa”, além de me deixar muito feliz, serve de lembrete para eu fazer essas coisas também.
Fazendo trilha, aprendi que há larvas que se movimentam no que é chamado de "rolling swarm": andando umas em cimas das outras, de forma que a camada diretamente sobre o solo serve como esteira rolante para as camadas de cima, e o bolo como um todo anda muito mais rápido que uma delas andaria sozinha (aqui explica melhor). Talvez "uma andorinha só não faz verão" fosse uma metáfora mais meiga, mas acho que as camadas de larvas se alternando representa melhor o que eu quero dizer nessa cartinha: tem dias que a gente é base, mas outros dias a gente precisa de gente quem nos ajude a continuar.
Gente que me ajuda a desfazer a mala que ficou três semanas intacta no chão do quarto, gente que me consola a 750 quilômetros de distância numa tarde aos prantos, gente que deixa bolo na minha portaria quando tô doente, gente que me manda e-mail depois de um dia triste mesmo sem saber, gente que passa um café gostoso no meio de uma tarde cansativa, gente que de madrugada revira a casa toda atrás de uma bolsa de água quente pra aliviar a dor, gente que me leva pra praia, gente que pede meu número pra amiga pra poder mandar mensagem perguntando das cartinhas, gente que me convida para dividir projetos, gente que cozinha para mim, gente que me lembra das minhas obrigações quando vou deixando elas de lado, gente que me faz ver filmes, gente que me liga de manhã pra me fazer sair da cama. Gente é muito bom.
Indicações
Esse quadrinho do grande Paulo Moreira me arrancou uma gargalhada sincera.
Lista do que plantar em dezembro, para quem quiser fazer uma hortinha e parar de gastar com tempero verde no mercado.
O Arnaldo Antunes e o Nando Reis cantando “Não vou me adaptar” juntos, porque sou muito fã dos dois e amo essa música.
Vídeo mostrando como fazer vários desenhos fáceis e bonitinhos.
Vídeo (em inglês) ensinando como cortar coisas direitinho com a faca, perfeito para quem, como eu, demora meia hora pra cortar um dente de alho.
O filme “A Família Addams” (o classicão de 1991), que eu vi pela primeira vez recentemente e simplesmente amei.
O filme de animação “Ilha de Cachorros” do Wes Anderson, que eu achei muito bonitinho.
Esses bolinhos coloridos que eu tô viciada em acompanhar pelo instagram.
E se eu contar pra vocês que dá de transformar a água de cozimento do grão de bico em mousse de chocolate? Parece cilada, mas quem provou aqui, aprovou.
É isso, pessoal!
Se cuidem.
Um abraço,
Laura.