minha avó reclama: é hora do almoço!
Bom dia pessoal,
Um dia desses comentei com meu amigo João que, na próxima semana que estivesse sem ideia do que escrever na cartinha, em vez de ficar enrolando e possivelmente pular a cartinha pela ausência de tema, eu ia escrever algo prático. Sem reflexões ou tentativas de profundidade, apenas, sei lá, dicas sobre comida.
“Cuidado só pra não tornar hábito mandar coisas práticas para não ter que fazer reflexões” foi o que ele respondeu prontamente. Quase dei um pulo na cadeira. É literalmente o que eu faço na terapia, me ater às questões práticas mais superficiais em vez de aproveitar o espaço para desbravar águas mais profundas. Aqui nas cartinhas já rolou essa diretona sobre hábitos (também conhecida como “a cartinha que esqueci de trocar o título antes de enviar”) e acho que só.
Lá em casa sempre rola briga porque eu respondo “É óbvio” pra muitas coisas que, na maioria das vezes, não são nada óbvias. Eu acho que acontece muito de diminuirmos nossos próprios conhecimentos. A gente aprende sobre um tema específico e acaba ficando tão acostumado a ponto de achar que todo mundo sabe também, de forma que acaba 1) não valorizando o nosso percurso até saber essas coisas e 2) não compartilhando o conhecimento. Todo mundo sai perdendo.
Então vou usar essa cartinha pra falar umas informações sobre comida que a maioria, por eu saber, achei que todo mundo também sabia, até que fui descobrir que não era bem assim. Tomara que tenha coisas que sejam novidade pra você (e, se de fato for tudo meio óbvio, por favor me manda umas curiosidades diferentes). Temático de comida porque tá quase na hora do almoço. Um pouco das de químicas com um pouco dos mil instagrans de vegetarianismo que eu sigo.
Antigamente chamavam batata doce só de batata e a batata inglesa que especificavam (ouvi essa faz tempo e agora tentei achar alguma fonte mas não soube como pesquisar, espero não estar perpetuando fake news).
É melhor aquecer a frigideira antes de colocar o óleo/o azeite, pra ele degradar menos.
Couve-flor ou brócolis cozidos ficam perfeitos com molho de melado e tahine (mistura os dois e confia. Com mais melado fica perfeito pra passar no pão também). As folhas e os talos ficam perfeitos refogadinhos (achei que todo mundo fizesse isso mas minha vó se impressionou que não jogo fora).
A vitamina C ajuda muito na absorção de ferro, por isso é indicado comer uma fruta cítrica junto das refeições. Eu pingo limão em tudo tudo (por amar limão mesmo, mas isso é uma baita bônus).
Em contrapartida, o cafézinho pós-almoço, sólida instituição brasileira, não é indicado porque a cafeína atrapalha a absorção dos nutrientes. Agora eu sempre espero uma horinha ou mais pra beber e já emendo com um cafezão da tarde.
A Pagu, escritora e militante comunista, além de dar nome à música da Rita Lee, foi quem trouxe as primeiras mudas de soja pro Brasil. (essa quem me contou foi minha amiga Sofia).
Deixar os grãos de molho é essencial não só pra acelerar o cozimento (e economizar no gás caríssimo) como é melhor pro corpo, porque tira os fitatos (antinutrientes que se ligam os sais minerais impedindo sua absorção) e faz soltar menos pum. A minha mãe diz que é pra deixar o feijão 48 horas de molho (nunca deixo tanto) e com um tisco de vinagre na água (essa parte eu faço certinho). Aqui tem um guia supimpa pras leguminosas.
Limão ajuda a tirar o cheiro de peixe da mão. É a única coisa que eu lembro do semestre de Orgânica III. O ácido do limão reage com a amina que dá o cheiro de peixe e forma um sal hidrossolúvel, daí só lavar.
Pintura da minha amiga Estela que faz coisas incríveis em acrílica
Indicações da semana:
“Eu li tua cartinha hoje [...] escrevi um texto imenso por conta dela” já é uma mensagem boa de se ler, ainda mais quanto o texto em questão é essa coisa linda que minha amiga Beatriz escreveu.
Outra mensagem muito boa, da minha grande amiga Beatriz (não a mesma), foi “Saiu hoje” seguida pelo link do CD novo do Rodrigo Amarante. Eu gostei bastante mas achei as músicas meio parecidas demais entre si.
Essa thread sobre a crise dos hipopótamos do Pablo Escobar. Eu li em 2018 e achei fascinante a história. Hoje lembrei dela e fui atrás pra compartilhar.
Esse print muito bobo de um grupo de facebook que me fez rir demais por razões inexplicáveis. Agradeço minha amiga Mariana por ter me mandado.
Meu amigo Rafael indicou esse canal de culinária no youtube (em inglês). Ele é bem organizadinho e tem desde playlists ensinando técnicas básicas até uma série só com receitas de filmes/séries/videogames.
O canal do meu professor de Introdução à Ciência da Computação. Ele disponibiliza as aulas, recomendo demais pra quem quiser aprender a programar (usamos a linguagem Python). De longe a minha matéria favorita do semestre.
Meu texto “Vizinhos” que essa semana faz um ano que escrevi/postei. Ler coisa minha é alternar a cada frase entre “é até que eu sou boa” com “não acredito que achei que isso fosse bom”.
Minha amiga Kaori está organizando uma roda gratuita para mulheres sobre o livro Mulheres que correm com lobos (nunca li, mas tenho várias amigas que são apaixonadas). No insta dela tem mais informações sobre o encontro e muito material sobre contoterapia (além de um feed lindíssimo).
O documentário “John and Yoko: Above Us Only Sky” (disponível na netflix), que conta um pouco a história dos dois e da gravação do álbum Imagine, misturando gravações inéditas da época e entrevistas recentes com músicos. Obrigada pela indicação, Guilherme, mas o John segue sendo meu beatle menos favorito.
Boa semana e se cuidem!
Abração,
Laura.