me espalhar por toda superfície que eu puder
Bom dia pessoal,
Hoje completa um ano que eu enviei a primeira cartinha! (um abraço Athos, Paula, Nati, Tainá, Laura e Pietra, meus primeiros remetentes) . O plano era ser semanal, não foi. Às vezes pulava uma semana e voltava na sequência, mas com o avançar do segundo semestre, acabei escrevendo cada vez menos, não só para vocês como na vida.
Tem vezes em que realmente não há tempo hábil para escrever, mas a questão principal não são essas vezes, porque são exceções. Mas o que tem sido regra normalmente, é não me dar tempo para escrever mesmo tendo tempo disponível. Não deixo que os sentimentos, sempre bagunçados aqui dentro, virem uma prosa contínua. Deixo meu emaranhado guardado dentro de uma caixa de costura, em vez de ser gato brincando com o novelo. Escrever põe as coisas em ordem, sendo, acho que desde sempre, minha forma preferida de expressão, seja para resolver impasses, seja para demonstrações espontâneas de afeto. Justamente por ser onde expresso o que sinto, às vezes é difícil ter que se deparar com o que estava escondido dentro da minha cabeça. Não encarar o abismo por muito tempo, para que ele não nos encara de volta.
Acho que já comentei aqui que amo escrever textos de aniversário, afinal, são uma oportunidade de pôr pra fora todas as coisas boas que eu sinto por alguém, de uma vez só, sem diluições e sem medo de acharem estranho (muito estranho isso de ter medo de ser estranho demonstrar afeto). Mas, apesar de ter um lembrete anual no google calendar para o aniversário de cada amigo (e de muita gente nem tão próxima também), muitas vezes esqueço. Dia 26 duas amigonas minhas fizeram aniversário e a única coisa que eu escrevi pras duas foi "Parabéns!", assim, sem nem um "eu te amo" pra, ainda de maneira breve, deixar explícito o carinho. Nem os sentimentos bons eu permito mais virarem palavras.
A Gabriela, em resposta a uma das minhas cartinhas, me agradeceu por ser uma compartilhadora. Eu amei esse termo, porque realmente acho que compartilho muita coisa. Costumo falar fácil tudo que se passa comigo, das angústias às conquistas. Gosto de falar sobre o que eu leio (as leituras de 2020 viraram até vídeo, pra 2021 era o plano mas acabei me enrolando), de indicar filmes (embora raramente os assista) e mandar álbuns e músicas para meus amigos. Não me considero uma pessoa fácil de conviver, mas, definitivamente, sou uma pessoa fácil de conhecer.
Numa aula de física no começo do início do ensino médio, aprendi sobre fluidos não-newtonianos misturando amido de milho e água. Se não fizermos pressão, a massa escoa, mas, se apertarmos, sua viscosidade aumenta demais (o que o caracteriza como um fluido dilatante, aprendi durante o técnico). Acho que me sinto assim, mas minhas tensões de cisalhamento não passam de forças imaginárias. Um exemplo é quanto a escrita: na primeira cartinha, essa que faz aniversário hoje, eu falei “Não sei qual vai ser a programação dessa newsletter, se vou passar indicações, se vão ser histórias, se vai ser um resumão da minha semana como se fosse um diário.”. A cartinha começou com o propósito de me fazer escrever mais, sem pretensão de ser boa, mas aos poucos comecei a ter mais leitores e isso me faz pensar “ah, não posso escrever qualquer bobagem, tem que ser algo bom porque tem gente que me lê”. Nunca houve uma cobrança externa, mas eu acabo me auto-limitando por isso. Não faz sentido podar uma árvore porque começou a dar frutos (a não ser que seja um pé de jaca numa área movimentada, porque seus frutos em queda podem ser fatais).
Mesmo nas conversas com pessoas próximas, amigos e parentes, sinto que não estou tão compartilhadora. Acabo deixando guardado em mim os afetos e as curiosidades aleatórias. Muitas vezes desgostei da minha característica de falar muito, de dizer demais e de forma acelerada, como se precisasse botar todas as palavras pra fora o mais rápido possível. Quis por muito tempo ser uma pessoa contida e que fala calmamente. Mas isso não é pra mim. Pensei “prefiro ser rio (que tudo arrasta) que represa”, e então lembrei que minha amiga Pietra escreveu um texto lindo que é literalmente sobre isso. Queria colar ele todo aqui porque não achei um texto só.
Por agora, quero deixar as coisas voltarem a fluir, seja por palavras ditas, seja por palavras escritas. É muito bom estar de volta!
Eu pseudo-submersa
Não lembrei de nenhum quadrinho/arte para colocar, daí acho que essa foto que minha amiga Joana tirou combina com o tema
Indicações da semana
Apesar da semana ser na verdade um bimestre, separei pouca coisa, então vou pique bate-bola das coisas que fiz/vi esse ano.
Um filme? Love Actually e Encanto
Um disco? SIM SIM SIM
Um condimento? Missô (no feijão quando estiver terminando o cozimento, aprendi com a Carolina)
Um livro? Just Kids da Patti Smith
Um lugar para "perder tempo" na internet? A lista de listas da wikipedia
Espero que o 2022 de vocês esteja sendo bom!
Abração,
Laura