já que estamos aqui, vamos aproveitar
Bom dia, pessoal!
Dizem que quem é vivo sempre aparece, então, depois de um mês sem cartinhas, tô aqui de volta (queria poder dizer que estarei de volta semanalmente, mas o fim do semestre tá aqui então há a chance de sumir de novo). Espero que tenham gostado da edição passada com convidados especiais. Eu pelo menos adorei ler na minha caixa de entrada uma Cartinha da Laura escrita não por mim mas para mim.
Uma teoria que eu tenho, talvez uma das minhas ideias mais boomers, é que serviços de streaming contribuem para deixar as crianças mais impacientes. Eu, uma criança relativamente mimada, tive tv a cabo e por isso uma ampla gama de canais a disposição (menos jetix, lembro que o nosso pacote não tinha jetix). Mas isso não impediu grandes frustrações como quando o discovery kids fazia maratona de vinte quatro horas de Thomas, o trenzinho, que eu achava (e acho que ainda acho) o desenho mais chato de todos, ou quando, em 2008, da noite pro dia, o boomerang parou de passar desenhos antigos (que faziam jus ao nome do canal) e começou a passar séries adolescentes (depois vi que eram legais também, mas foi um choque), ou quando eu perdia o horário que passava Pokémon no cartoon. Todos esses exemplos só pra dizer que quem escolhia o que ver não era eu. Claro, podia escolher entre um canal e outro, mas estava à mercê da programação. Ou via o que tinha ou ia brincar de outra coisa. Meu irmão pode escolher o que ver a qualquer hora, não precisa ver coisa mais ou menos só porque é o que tá passando. Terminando de escrever esse parágrafo vi que estou 100% gente que reclama porque agora as coisas são mais fáceis do que antigamente, é melhor parar por aqui.
Outra coisa que o streaming (e, sejamos honestos, os torrents muito antes) promove é a facilidade de ver tudo em ordem. Claro, você podia ir na locadora e alugar as dez temporadas de Friends, uma a uma, mas não era tão prático. Não podia só sentar na tv e falar "ah hoje eu vou ver o sétimo episódio da segunda temporada do Manual de Sobrevivência Escolar do Ned". Esse ano assisti Modern Family com a minha amiga Laura duas vezes: alguns episódios da segunda temporada e, pouco tempo depois, alguns episódios da décima primeira temporada. A sensação de sentar no sofá e ver um episódio aleatório, sem me preocupar com o desenvolvimento da série ou com o número de temporadas remanescentes foi muito boa, beirando ao nostálgico.
Esses parágrafos televisivos foram apenas para chegar nesse ponto, que é o tema da cartinha da semana: fazer as coisas pelo simples prazer de fazê-las, sem pretensões para o futuro.
Esses dias, caminhando de volta pra casa, passei em uma banca de jornal pra comprar os cigarros que a minha vó pediu (a autora repudia esse ato! são fedidos demais) e aproveitei para comprar uma revista de palavras cruzadas (tanto nelas quanto no sudoku, escolho o nível médio). Você não passa de nível ou compete com seus amigos fazendo palavra-cruzada, você só vai fazendo. Tá no nome até: passatempo. Herdei da minha mãe o costume de resolvê-las à caneta. Minha letra lá já não é das mais bonitas, mas quando erro então, fica um caos. Passo por alguns "será que isso é um R ou A? um C ou um E?" algumas vezes, mas tudo bem. Depois de virar a página, os garranchos e equívocos não importam mais.
E os quebra-cabeças? Um ou outros, privilegiados, vão parar na parede. Mas, se fosse só pela estampa, comprariam-se posters. O mais legal do quebra-cabeça é montar ele. Separar as quatro quinas, depois as bordinhas, e, dependendo do tamanho e do desenho, separar por cores. Na biblioteca setorial da minha faculdade antiga (beijo pros amigos do CCJ), tinha uma mesinha com quebra-cabeças pro pessoal ir montando colaborativamente. Não faço ideia se ele chegou a se completar ou não, mas era muito bom só sentar no pufezinho e tentar ir juntando as peças.
Quer mais um exemplo? Castelinhos de areia. Não tinha muita paciência para aqueles de areia fofa, feitos com baldinho. Gosto daqueles que você faz com areia molhada, deixando ela lentamente escapar por entre os dedos. Quase como uma ampulheta no método, quase uma obra de Gaudí no resultado. Mas, enquanto a Sagrada Família está em construção de 1882 até os dias de hoje (previsão de término: 2026), meus castelinhos resistem por minutos até o mar levá-los embora.
Kant escreveu "Age por forma a que uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio". Acho que, para além das relações interpessoais, podemos aplicar isso também para as coisas, das folhas de papel às construções de dióxido de silício. Fazer o que se gosta, independente do fim.
Quadrinho de Grant Snider
Indicações da semana:
Os melhores trinta segundos do seu dia. Se a gente se conhecia no começo de 2019, eu provavelmente já te enviei esse vídeo no whatsapp sem contexto.
Nesse meio tempo, fiz três receitas que gostei muito. Todas muito fáceis (caso contrário, não teria feito.) Esse sorbet de manga, esse hambúrguer de lentilha (minha dica: colocar um pouco de beterraba ralada no refogado pra dar uma corzinha) e esse chocolate quente cremosão.
Ainda na vibe gastronômica, vi o filme Chef (disponível no prime e no globoplay). Definitivamente o que chamam de confort movie. Trilha sonora e comidas muito boas.
Tá tendo problema com uber ultimamente? Essa thread explica um pouco do que tá acontecendo.
Fiquei sabendo que tem um fóssil de dinossauro brasileiro na Alemanha, e tá rolando uma petição pra devolverem ele, visto que foi levado ilegalmente,
Essa thread sobre os aviões que estavam no ar durante o 11 de setembro (o espaço áereo dos EUA foi fechado e pararam numa cidadezinha do Canadá)
Minha amiga Laura me indicou o podcast "Paciente 63", com o Seu Jorge. É muito bom e curtíssimo, 10 episódios de mais ou menos quinze minutos (o segredo pra me fazer ver/ouvir qualquer coisa é esse: dizer que tem pouca coisa pra ver/ouvir)
Saiu na sexta-feira a terceira temporada de Sex Education, da netflix. Assisti a primeira metade (no total, essa temporada são 8 episódios de meia-hora) e estou louca pra terminar o resto. Para quem não viu a série ainda, recomendo muito.
Minha amiga Nati me indicou o site da revista Elle. Além das coisas de moda e beleza que eu estava buscando (quem tiver outra indicações me manda, tô sedenta por esse tipo de conteúdo), fui surpreendida positivamente com a presença de muitas pautas sociais relevantes.
Esse texto do Manual do Usuário sobre a greve que rolou na Twitch, com a participação da minha amiga Clara. Fiquei muito empolgada quando vi porque sou muito fã dela e muito fã do blog.
Ontem achei aleatoriamente essa playlist de Funk de Pelúcia que achei bem gostosinha de ouvir. Tô há semanas obcecada por Julio Secchin, então fui contempladíssima pela setlist.
Fiz uma playlist dos pop/indies em inglês que eu ouço mais.
Palavras-cruzadas:
Vou mandar as palavras que faltaram para eu completar essa página, quem souber, me ajuda.
(?) Real, priviIégio da realeza britânica >> I _ _ E
Emissora italiana de Rádio e Televisão >> _ _ I
Solvente usado em tintas e vernizes >> _ E R _ B I _ T B _ R
Desprovido de sabor (bras) >> I T _
Estava com saudades de escrever, me desculpem o sumiço
Com carinho,
Laura
Nesse meio tempo entre uma cartinha e outra, tomei a primeira dose da vacina. Já passou um pouco o timing mas queria compartilhar. Não vou nem mandar um "se vacinem, galera", porque confio nos meus leitores e sei que todo mundo já tomou ou tá esperando pra poder tomar.