Friends, Romans, countrymen, lend me your ears
Bom-dia pessoal,
Na cartinha da semana passada eu falei sobre valorizar as coisinhas boas, ainda que pequenas, como forma de tornar a vida na quarentena mais suportável. Hoje vou falar de outra coisa que vem me ajudado muito (essa não é uma newsletter de auto-ajuda, eu juro!!): manter hábitos.
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Na aula de filosofia do ensino médio, fiquei sabendo que o Aristóteles disse que nós somos o que fazemos repetidamente (curiosidade: pra falar disso, ele usou a expressão "uma andorinha só não faz verão", não fazia ideia que vinha da Grécia Antiga). E acho que é um pouco isso. Vou pegar um exemplo tosco só pra mostrar o ponto, mas você troca por algo que faça sentido pra você. Imagina se eu falasse "eu não bebo água porque não sou uma pessoa hidratada". Não faria o menor sentido, né? Se eu sou hidratada, é porque eu mereci bebo bastante água. A ação repetidamente faz a identidade, não o contrário.
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Lembro que na primeira semana de quarentena, quando a gente ainda achava que ia durar poucos meses, minha madrasta disse que era pra gente arrumar a cama e tirar o pijama todo dia de manhã. Foi a primeira mudança de hábito da quarentena (a cama deixo de lado várias vezes, confesso, mas a parte de pôr uma roupa de verdade venho levando até então).
Mais pro final da quarentena, uma youtuber de exercícios (que de fato tem formação na área!!) fez um desafio mensal: cada dia, um treino de agachamento. Arrastei um amigo para fazer junto comigo pelo discord e treinamos todo dia (ou quase). No mês seguinte, ela lançou um desafio nos mesmos moldes, mas de abdominal. No maior pique Petrobrás ("o desafio é a nossa energia"), fui atrás de outros. Com outro amigo, comecei um desafio mensal de flexão (parei no comecinho, mas consegui fazer dez flexões em sequência, o que antes de começar parecia impossível), com meu irmão, desafio de polichinelo (ontem esquecemos). Com uma amiga, combinei de seguir um calendário de yoga, que indicava um vídeo diferente pra fazer por dia (em fevereiro, se fizemos metade, foi muito). Pra quem quiser, tá aqui o que vamos fazer em março (é em inglês, mas tem esse aqui em português que é ótimo).
Outro exemplo de hábito/desafio que eu fiz na quarentena, foi a ideia de ouvir um disco (alguns físicos, a maioria online) por dia. Normalmente escuto só playlists ou algum artista no modo aleatório. Me diverti fazendo esse desafio. Troquei indicações com amigos e parentes. Apesar do plano original ser fazer isso todo dia, teve vários dias que não ouvi. Ou até comecei um álbum mas não terminei. Mas, sem dúvida, nunca ouvi tantos discos quanto nesse período (inclusive, podem mandar indicações, talvez demore, mas escuto),
O que eu quero dizer com esse monte de exemplos, é que você não precisa se comprometer 100%. Se você falar que vai passar fio-dental todo dia mas um dia ou outro esquecer de passar, já vai ter passado mais vezes que a maioria das pessoas (do que eu, com certeza!). Dar um jeito de encarar essas coisas como motivação e não cobrança. Talvez deixar a meta aberta seja sobre isso.
Eu desencanei disso, mas tinha uma época que eu gostava de usar um aplicativo pra monitorar os hábitos que eu queria criar. Pra quem pilha nisso, existem vários disso de habit tracking, mas indico muito esse aqui. O motivo: enquanto a maioria só mostra a sequência de dias que você fez a coisa, ele mostra a tendência. Então, pegando a situação do último parágrafo, se você voltar a passar fio-dental regularmente depois de esquecer um dia, a tendência segue subindo.
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Ah, uma coisa importantíssima que eu queria compartilhar com vocês é a playlist que eu e meu irmão fizemos para escovar os dentes. Só com músicas com pouco mais de dois minutos (o indicado pela OMS). Colocamos no aleatório e só paramos a escovação quando a música termina. Nunca tinha visto ele escovar os dentes com tanto afinco. E, de quebra, acabamos conhecendo músicas novas (fui colocando várias só pela duração, sem conhecer nem o artista) ou relembrando clássicas. Acho que é um dos momentos que mais sucedi como irmã.
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A cartinha dessa semana ficou muito prática e pouco literária. Vou por a culpa da falta de criatividade nas provas que vem chegando.
Um beijo e fiquem bem,
Laura
P.S. Pra contextualizar os amigos que pegaram o bonde andando: a ideia é mandar e-mail todo domingo. Quando vocês se inscreveram, receberam o da semana passada, por isso provavelmente receberam duas cartinhas no mesmo dia.
P.P.S Fiquem a vontade a responder as cartinhas quando quiserem.