deixar ser o que se é
Bom dia pessoal,
Sempre antes de começar a cartinha eu fico na dúvida se se escreve bom dia ou bom-dia. Hoje, resolvi pesquisar e descobri que, nesse caso, é sem o hífen mesmo. Com tracinho é quando for substantivo, tipo "desejo um bom-dia". As cartinhas nunca mais serão as mesmas depois dessa descoberta. Passado o momento professor Pasquale, vamos pra pauta da semana: desculpas. Uma vez meu amigo Vicente disse que eu dizia muito "desculpas". O comentário me pegou de surpresa (não preciso nem dizer que "desculpa" foi a primeira coisa que respondi, né). Não que eu achasse que dizia isso pouco: sempre que percebo que errei ou fui além do que devia numa briga ou discussão, peço desculpas. Muitas vezes, não nego, acabo repetindo os mesmos erros, mas as desculpas não cessam. Reconhecer nossos erros (seja fazendo a famigerada autocrítica, seja escutando os outros sem ficar na defensiva) é muito importante, isso é evidente. Não é sobre ser aquela pessoa que chama grosseria de "personalidade forte", que quando apontam que fez algo babaca tenta justificar com "é meu jeitinho" ((off: escrevendo assim parece muito que isso é indireta pra alguém, socorro. não conheço ninguém que seja assim)). Não é sobre passar pano pra si mesmo. Precisamos lidar melhor com nossas falhas e saber admitir quando pisamos na bola. Mas, para conseguir identificar isso, a gente precisa saber diferenciar o que NÃO É defeito. São inúmeras as vezes que já acabei uma sequência de mensagens com "desculpas, falei demais" ou alguma variação. Não tem porquê. Falar bastante é uma característica minha, não é intrinsecamente ruim ou bom. Claro, tem gente que deve pensar "porra que saco essa garota não cala a boca" (e errados não tão), mas, se tô falando com alguém que eu sei que gosta de mim, não faz sentido me desculpar por estar sendo eu mesma. Sei, por observação mesmo, que mulheres costumam se desculpar mais. Fui pesquisar agora e, de acordo com um estudo, isso se dá não porque eles optem por ficar calados perante aos erros, mas porque reconhecem menos vezes que estão em uma situação em que deveriam se desculpar (quando reconhecem, a porcentagem é a mesma). Não achei estudos sobre outros grupos minorizados, mas imagino que seja uma situação semelhante. A gente cresce aprendendo que não é do jeito certo, é difícil se livrar disso.
Lembrei de um texto da minha amiga Pietra chamado "sobre o dia ou noite em que minha letra virou minha – uma breve história sobre caligrafia, mas não só", e fala bem sobre isso. Fui reler pra escolher um trecho e colocar aqui. Mas não consegui escolher um só. Vale gastar três minutos pra ler o texto inteirinho. Já tinha dado essa cartinha como encerrada, mas resolvi mandar o link dessa newsletter para mais alguns amigos. E mandei quase todas numa estilo "olha tô com esse projeto aqui mas não precisa se inscrever se não quiser, só tô mandando caso você não tenha visto no twitter", que acho que é quase uma desculpa antecipada né. Achei válido mencionar isso aqui porque tem uma lacuna considerável entre escrever essas coisas aqui e de fato internalizar as ideias.
Indicações da semana
Minha amiga Érica fez essa colagem acima e muitas outras maravilhosas que você confere aqui.
Meu computador se formatou sozinho esses dias e estou tendo que reinstalar as coisas aos poucos, dentre elas três extensões de navegador que gosto muito: Todobook, que bloqueia o seu feed das redes sociais por um certo período de tempo (gosto que posso continuar tweetando pensamentos à medida que surgem, mas sem ficar vendo o feed o tempo todo), OneTab, que é a salvação para quem abre mil abas de uma vez (ele salva todas em uma página só, de forma que ficam fáceis de acessar mas não torram a memória) e o TeleParty, que permite que você veja serviços de streaming em sincronia com outra pessoa e com um chat do lado para irem comentando (tem uma que faz isso com o YouTube também).
Nos últimos dias li um livro chamado "O peso do pássaro morto", da escritora paulistana Aline Bei. Minha amiga Bea me indicou em abril do ano passado mas acabei postergando até agora, não sei porque. Uma leitura triste, rápida e potente. Indico demais.
Fiquei impressionada com esse vídeo sobre a determinação do sexo nas espécies feito pelo TED-Ed (indico demais o canal como um todo, tem vídeos curtos sobre diversos assuntos e com animações lindíssimas).
A playlist-indicação da semana é essa aqui que eu fiz para uma amiga, só com músicas que, antes de virarem música, eram poemas.
Resumindo a cartinha dessa semana um jeito meio frase motivacional: se desculpar pelo que você erra e não pelo que você é.
Se cuidem,
Com carinho,
Laura
p.s. eu sempre esqueço de checar, mas tem a opção de responder a newsletter. sintam-se a vontade pra responder sempre que quiserem estender a conversa (a sensação de estar escrevendo um e-mail por escolha e não por dever é boa demais!).