deixar o coração bater sem medo
Olá amigas e amigos,
Essa semana, resistindo à tentação de fazer a cartinha inteira descrevendo como foi meu niver, vou falar de duas coisas que venho tentado aprender nos últimos anos: cozinhar e dirigir.
Tirei a carteira em 2018, mas até hoje não me considero uma pessoa que saiba dirigir. Só pego o carro com algum dos meus pais juntos (papai anda com a mão a postos para pegar o freio de mão, mamãe não consegue disfarçar a cara de assustada, minha madrasta e meu padrasto, descobri depois, são os melhores instrutores). Andei umas duas ou três vezes com pessoas-não-motoristas do lado e a mesma quantidade sozinha (sempre no mesmo trajeto, da casa até a faculdade - embora nenhuma das vezes para ver aula - e vice-versa). Tenho muito medo de fazer outro trajeto. Medo de deixar morrer (o carro ou alguém).
Depois percebi que, enquanto estiver dirigindo com meus pais, nunca vou achar que estou apta a dirigir sozinha, afinal, eles, mais experientes, sempre vão ter alguma melhoria para apontar. Não vai ter um momento mágico em que eles vão olhar para mim e falar "Laura, você conseguiu, agora você pode dirigir sozinha". Ou melhor, esse momento já aconteceu, anos atrás no estacionamento lotado do Detran. Não adianta esperar eu me sentir preparada, tenho que simplesmente ir. Tipo quando a gente brincava de esconde-esconde e depois de contar dizia "prontos ou não, lá vou eu".
Com a cozinha, é meio que o oposto. Não gosto de cozinhar perto dos meus pais ou outra pessoa que manje da culinária, palpitam demais, me sinto um participante de programa de culinária tendo cada uma das minhas escolhas e técnicas julgadas. Por causa disso, raramente cozinhava. Mas tudo mudou quando a nação do fogo atacou passei duas semanas na casa de um amigo que também não sabia cozinhar. Para vocês terem noção, até pro arroz buscamos receita (Rita Lobo conte comigo para tudo!). Para o feijão, vimos uns três vídeos explicativos sobre a panela de pressão até ter coragem de usar (e olha que era elétrica!). Com a base pronta, íamos variando os legumes (refogados ou assados, simples demais, gostoso demais) e era isso. Sem medo de errar. Depois disso, continuei praticando e agora me considero alguém que cozinha (os coachs diriam que tive uma mudança de mindset e acho que teria que dar razão a eles), mesmo que um pouco sem mão pros temperos e tendo que pesquisar receita para fazer várias coisas óbvias (aproveito esse momento pra agradecer todos os amigos que me ajudaram na cozinha à distância). Hoje aqui em casa, estávamos vendo The Voice Mais (vi pela primeira vez hoje, achei fofíssimo) e minha vó comentou "achei meio sem sal a apresentação". Meu irmão, afiadíssimo, emendou com "que nem a comida da mana".
Amarrando as duas coisas, acho que a conclusão é que é importante fazer, mesmo com medo de errar. A música diz que quem sabe faz a hora, não espera acontecer, mas a real é que quem não sabe também não pode esperar. Tem aquela história que a prática leva à perfeição. Não sei se é verdade porque nunca atingi essa tal perfeição em nada. Podemos dizer, numa versão mais palpável, que a prática talvez leve à melhorias. E já tá bom o suficiente. Depois tem a questão de não ter medo de mostrar o que faz pro mundo, mas daí são outros quinhentos (que meio que foram o tema da primeira cartinha).
Links da semana
Minha amiga Pietra fez um instagram pra postar bordados e textos (além dos textos fantásticos que estão no medium.) Dias atrás, enquanto revia as lindezas, vi que ela postou esse print acima.
Já que falamos de cozinha, indico essa playlist incrível só com músicas brasileiras que falam (ou melhor, cantam) sobre comida.
Essa lista de documentários brasileiros que estão no youtube e essa outra de documentários sobre música brasileira.
Enquanto eu escrevia essa cartinha, ouvi essa música aqui temática do dia do PI (5 minutos dela falando matemáticas e depois meia hora de pianinho)
Esse site pra treinar digitar mais rápido, que faz meses que não entro mas tá firme e forte na minha barra de favoritos.
A música Coragem da banda Holger, que acho que casa bem com o tema dessa cartinha.
O documentário sobre Marielle Franco que tá disponível para ver de graça (.pesquisei mas não descobri se é só por hoje ou vai ficar mais tempo).
Se cuidem,
Com carinho,
Laura
p.s. além da cozinha e da direção, algo que sempre inicio e volto atrás é a corrida. essa semana resolvi que vou voltar a (tentar) correr. se alguém tiver dicas, por favor me manda!