a vida só começa depois do carnaval, ou algo assim
Bom dia leitoras e leitores,
Eu falei na última cartinha que elas iam ser semanais, mas me enrolei na última semana e acabou sendo quinzenal. Vamos esperar as próximas semanas pra ver qual vai ser a periodicidade definitiva.
Considerando que essa cartinha era para ter saído semana passada, vou pegar o assunto referente daqueles dias: carnaval.
Os foliões vão ficar em choque, mas digo, com certeza total, que esse foi meu melhor carnaval em muitos anos. Não que eu seja do tipo "ui ui carnaval sou contra". Pelo contrário. Eu sempre tentava aproveitar mas não conseguia.
Vai aí uma breve retrospectiva. 2017: comecei a namorar literalmente na véspera do carnaval. no dia seguinte nos perdemos dos nossos amigos e ficamos desesperados procurando por horas. 2018: no meio do rolê paramos pra lanchar e, importante, usar um banheiro limpo. entre as mesinhas do subway, discuti com dois amigos. fiquei puta e fui pra casa. 2019: me estressei também mas não foi de todo o mal. em um dos dias fui com meus pais, tal qual quando era criança e eles me levavam nos bailinhos infantis. 2020: meu namorado (não o do carnaval de 2017) terminou comigo no meio do carnaval. não no meio do feriado, durante um dos dias mesmo, no meio da folia.
Depois, sempre vinha aquele arrependimento de "putz, devia/podia/queria ter aproveitado mais". Esse ano não teve isso, Ninguém esperava nada e só ficava triste pensando no que a pandemia estava nos fazendo perder. O Luiz Antônio Simas, escritor que gosto muito, disse o seguinte num post: "Meu grande pânico, desde moleque, foi ter carnaval e eu, por alguma razão, não participar, ficar de fora. O horror do carnavalesco não é não ter carnaval; é ter e ele ficar de fora.". Acho que isso meio que explica o sucesso do meu carnaval: sem expectativas e sem comparações ("ain tá todo mundo se divertindo e eu aqui em casa bla bla bla"), o que viesse era lucro.
Os preparativos começaram no final de janeira, com a criação de uma playlist temática, com a contribuição de amigas queridas e do meu irmão ("Coloca 'Ponteiro' do Edu Lobo!, ele disse). Por causa dela, Água Mineral já atingiu o posto de música que mais ouvi no spotify. Na quinta pré-carnaval, dancei com minha amiga , à distância, por horas seguidas (se no início dos anos 2000 as pessoas eram possuídas pelo ritmo Ragatanga, agora fomos possuídas pelo fitdance). Sexta coloquei a playlist pra jogo dançando com meu irmão, sábado teve live da Ivete (sou fã!) e da Bethânia. Depois, ainda deu de maratonear Lupin na Netflix (tem só cinco episódios, vale a pena!).
Tinha medo de escrever isso e ficar muito uma vibe ~~o lado bom da pandemia~~/ignorando os problemas. Mas me dei conta que tentar focar nos pontos positivos não é ser alheia a realidade, mas uma forma de lidar melhor com ela (nessa hora você imagina o Belchior cantando "a minha alucinação é suportar o dia a dia..."). Se fose alheia a realidade vinha aqui contar que fui num beach club, muito comuns aqui em Floripa, ou, sei lá, num bloquinho clandestino.
Me perdi na linha de raciocíno, então vou ser direta: aproveitem as coisinhas pequenas sem se preocupar com o fato de serem pequenas (eu por exemplo mando foto pra alguma amiga de toda xícara de café ou prato bonito que eu como). Não prejudicando ninguém, a gente tenta ser feliz como pode.
Encerro com mais um trecho do post que mencionei
"A gente festeja, conforme escrevi há tempos, não porque a vida é fácil, mas pela razão inversa.".
Se cuidem!
Um abraço,
Laura